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Fazenda de Cacau

2016, Ilheus, Bahia, BA.

Projeto Premiado: 5o Premio Saint-Gobain de arquitetura Habitat Sustentável, Categoria Profissional, Modalidade Edifício Comercial.

Projeto Premiado: Prêmio ASBEA (Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura) 2016. Prêmio – Categoria Edifício de Serviços, Modalidade Novos Talentos – Projetos não Edificados.

Autores: Beatriz Goulart, Frederico Zanelato e Sergio Faraulo;

Coordenação de Projetos: Sergio Faraulo;

Colaboração: Ana Tamie Deno, Camila Monteiro, Milena Mendes, Bruna Ronconi, Cássio Riman;

Consultoria de Infraestrutura (Estudo Preliminar): Energia técnica;

Engenharia (Projeto Básico e Executivo): DEVEMADA Engenharia;

Estrutura de Madeira (Projeto Básico, Executivo e Construção da Estrutura de Madeira): Ita Construtora – Hélio Olga;

Consultoria Paisagismo (Projeto Executivo): La Fora | Arquitetura da Paisagem;

Construção: CMAR – Construções Alternativas.

PROJETO ARQUITETÔNICO E URBANÍSTICO

ARQUITETURA – CONSIDERAÇÕES GERAIS

O partido arquitetônico adotado foi baseado no programa de necessidades estabelecido pelo contratante para dar suporte a uma agrícola de Cacau localizada em Ilhéus – BA e informações coletadas através de visitas e literatura relativas ao tema. Foram levados em consideração fundamentalmente aspectos ambientais, geográficos e climáticos, em relação às densidades demográficas, os recursos socioeconômicos e o contexto cultural local, de modo a propiciar ambientes com conceitos inclusivos, aliando as características dos ambientes internos e externos (volumetria, formas, materiais, cores, texturas) com as práticas pedagógicas, culturais e sociais.

PARÂMETROS DE IMPLANTAÇÃO

Para definir a implantação do projeto no terreno a que se destina, foram considerados alguns parâmetros indispensáveis ao adequado posicionamento que irá privilegiar a edificação das melhores condições:
Características do terreno: avaliadas dimensões, forma e topografia do terreno, existência de vegetação, corpos de água e etc.
Garantida a relação harmoniosa da construção com o entorno, visando o conforto ambiental dos seus usuários (conforto higrotérmico, visual, acústico, olfativo/qualidade do ar);
Adequação da edificação aos parâmetros ambientais: adequação térmica, à insolação, permitindo ventilação cruzada nos ambientes de salas de aula e iluminação natural;
Adequação ao clima regional: considerar as diversas características climáticas em função da cobertura vegetal do terreno, das superfícies de água, dos ventos, do sol e de vários outros elementos que compõem a paisagem, a fim de antecipar futuros problemas relativos ao conforto dos usuários;
Características do solo: solicitadas informações quanto ao tipo de solo presente no terreno possibilitando dimensionar corretamente as fundações para garantir segurança e economia na construção do edifício. Para a escolha correta do tipo de fundação, será necessário conhecer as características mecânicas e de composição do solo, mediante ensaios de pesquisas e sondagem de solo;
Topografia: Observadas atentamente suas características procurando identificar as prováveis influências do relevo sobre a edificação, sobre os aspectos de fundações, conforto ambiental, assim como influência no escoamento das águas superficiais;
Localização da Infraestrutura: conhecidos os pontos alimentadores das redes públicas de água, energia elétrica e esgoto, visando preservar a salubridade das águas dos mananciais utilizando-se de fossas sépticas (quando necessárias) localizadas a uma distância de no mínimo 300m dos mananciais.
Orientação da edificação: buscar a orientação ótima da edificação, atendendo tanto aos requisitos de conforto ambiental e dinâmica de utilização dos espaços quanto à minimização da carga térmica e consequente redução do consumo de energia elétrica. Levou também em consideração o direcionamento dos ventos favoráveis, brisas refrescantes, a temperatura média no verão e inverno característica de cada Município.

PARÂMETROS FUNCIONAIS E ESTÉTICOS

Para a elaboração do projeto e definição do partido arquitetônico foram condicionantes alguns parâmetros, a seguir relacionados:

• Programa arquitetônico – elaborado com base no número de usuários e nas necessidades operacionais cotidianas, proporcionando uma vivência completa da experiência da agrícola adequada à faixa etária em questão;
• Distribuição dos blocos – a distribuição do programa se dá por uma setorização clara dos conjuntos funcionais em blocos e previsão dos principais fluxos e circulações. A distribuição dos blocos prevê também a interação com o ambiente natural;
• Volumetria dos blocos – Derivada do dimensionamento dos blocos e da tipologia de coberturas adotada, a volumetria é elemento de identidade visual do projeto.
• Áreas e proporções dos ambientes internos – As salas de atividades são amplas, permitindo diversos arranjos internos em função da atividade realizada.
• Layout – O dimensionamento dos ambientes internos e conjuntos funcionais foram realizados levando-se em consideração os equipamentos e mobiliário adequado à faixa etária especifica e ao bom funcionamento dos espaços;
• Tipologia das coberturas – foi adotada solução simples de telhado, de fácil execução em consonância com o sistema construtivo adotado.
• Esquadrias – foram dimensionadas levando em consideração os requisitos de iluminação e ventilação natural em ambientes conforme permanência;
• Elementos arquitetônicos de identidade visual – elementos marcantes do partido arquitetônico, como pórticos, volumes, materialidade.
• Funcionalidade dos materiais de acabamentos – os materiais foram especificados levando em consideração os seus requisitos de uso e aplicação: intensidade e característica do uso, conforto antropodinamico, exposição a agentes e intempéries;
• Especificações das cores de acabamentos – foram adotadas cores que privilegiassem atividades lúdicas relacionadas à faixa etária dos usuários.

ESPAÇOS DEFINIDOS E DESCRIÇÃO DOS AMBIENTES

O Master Plan da Agrícola em Ilhéus – BA é constituído segundo a lógica dos 5 capitais, com divisão das funções, conforme a seguir:

• Capital Humano

– Habitações familiares;
– Habitações solteiros.

• Capital Social

– Centro Comunitário;
– Praças e Campo de Futebol;
– Escola.

• Capital Financeiro

– Edifício Administrativo;
– Cacau Lab.;
– Planta Piloto Chocolate;
– Estacionamentos;
– Vestiário Colaboradores;
– Refeitório;
– Cozinha;
– Estrutura de Para Alimentação no Campo;
– Casa de Máquinas;
– Depósito de Materiais Perigosos.

• Capital Criativo

– Espaços de Contemplação;
– Museu ao ar livre.

• Capital Natural

– Casa Sede;

– Bangalôs dos Visitantes;

– Praças:

São espaços de integração entre as diversas atividades: Praça Jupará, Praça Principal e Praça Grapiúna.

– Parque | Jardim:

Áreas externas de atividades, com deck, jardim e|ou pavimentação drenante.

ELEMENTOS CONSTRUTIVOS DE ADAPTAÇÃO CLIMÁTICA

As particularidades climáticas locais foram observadas e as necessidades de conforto espacial e térmico atendidas. Foram criados durante a execução do projeto arquitetônico, alguns elementos construtivos acessórios de controle de ventilação, e melhoria térmica, de conforto do usuário.

CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA CONSTRUTIVO

Para definição foram consideradas: facilidade e agilidade construtiva;
Utilização de materiais que permitam a perfeita integração local social, econômica, cultural, de fácil manutenção;
O emprego adequado de técnicas e de materiais de construção, valorizando as reservas regionais com enfoque na sustentabilidade;
O sistema construtivo adotado foi: Estrutura independente de MLC – Madeira Laminada Colada (sendo pilares associados às vigas de MLC, sobre base | fundação de concreto) cobertas por telhas metálicas termoacústicas (modelo trapezoidal pintada).
Vedações tipo steel frame com fechamento em placa cimentícia externamente e drywall no interior.
Também foram utilizados planos de cobogós e intertravados de solocimento estimulando a produção local.

JUSTIFICAÇÃO DA ADOÇÃO DA ESTRUTURA DE MADEIRA

A escolha da Madeira Laminada Colada (MLC) de Eucalipto se deu em função de ser um material renovável que permitia a pré-fabricação de peças de grandes dimensões atendendo a necessidade da proposta de agilidade na construção.
O objetivo da escolha deste material era de reduzir a interferência da arquitetura na paisagem e inseri-la na linguagem construtiva local aliando a tradição com a inovação.
Após estudos, consultorias e análises a MLC também nos permitiu vencer grandes vãos com perfis esbeltos o que agregou um grade valor estético a nossa proposta. A durabilidade, alta resistência ao fogo e a substâncias químicas agressivas foram preponderantes na sua escolha, uma vez que queríamos que o MLC fosse utilizada nos mais diversos usos da Agrícola.

Dados da Obra:

Projeto: 2014 – 2015;
Conclusão da Obra: Em andamento;
Área Aprox. de intervenção: 556.470,11m²;
Área Construída: 16.270,27m²;
Área de Praça: 7.047,76m²;
Área de Passeio: 9.207,07;
Área de Estacionamentos: 4.005,00m²;
Área do Pasto de Animais: 1.293,00m²;
Área do Campo de Futebol: 4.639,29m²